O CLIMA E OS ANIMAIS

O comportamento dos animais pode se tornar minha previsão do clima?
O que acontece aos animais antes de tempestades ou no começo d­o inverno? Sons infra-sônicos podem ser responsáveis pelas mudanças de comportamento, porque furacões e trovões produzem ondas sonoras nessas freqüências. Mas também existe a questão das mudanças na pressão barométric­a (do ar) e da pressão hidrostática (da água).

Normalmente, essas pressões apresentam ligeira flutuação. Os animais têm forte sintonia para com mudanças acima das flutuações normais, que podem sinalizar fortes mudanças do clima. Essas variações podem ativar o mecanismo de sobrevivência de um animal. A reação instintiva do animal é procurar abrigo diante de clima potencial violento.

Por exemplo, condições anormais como furacões causam grande decréscimo na pressão do ar e da água (pelo menos em profundidades menores). Os animais expostos e acostumados a certos padrões podem sentir rapidamente essas mudanças. e uma vez mais, de maneira semelhante ao comportamento observado entre os animais no tsunami, eles fogem em busca de segurança.


Os pesquisadores já observaram esse tipo de comportamento entre um grupo de tubarões, enquanto acompanhavam seus movimentos durante a tempestade tropical Gabrielle e o furacão Charlie. Depois que a pressão atmosférica caiu em apenas alguns milibars -- ocorrência que causa mudança similar na pressão hidrostática --, diversos tubarões nadaram para águas mais profundas, onde encontraram mais proteção contra a tempestade [fonte: Vatalaro].

Outras aves e abelhas também parecem sentir essa queda na pressão barométrica e reagem instintivamente procurando abrigo em seus ninhos ou colméias. As aves também usam sua habilidade de sentir a pressão do ar para determinar quando é seguro migrar.

E quanto às previsões de longo prazo, sobre a severidade de um inverno, por exemplo? Parece que as marmotas não prevêem coisa alguma. A duração da hibernação tende a se relacionar ao relógio biológico do animal e à gordura acumulada, e não à sua capacidade de avaliar tendências de temperatura.

Houve propostas interessantes sobre a validade de certos conhecimentos folclóricos quanto a animais. Alguns indígenas norte-americanos acreditam que os ursos negros escolham diferentes locais para dormir em suas cavernas a depender de quanto o inverno será frio, ou que os pêlos nas patas de um coelho são mais fofos em caso de neve pesada adiante. Embora existe a chance de que isso seja simples coincidência, muita gente aponta que a ciência se baseia em observações, e o folclore ou a cultura de povos tradicionais se baseia em séculos de observação -- ainda que não conduzida em circunstâncias controladas.

Em última análise, o comportamento desses animais talvez não se prove tão útil para os seres humanos. Os animais mudam freqüentemente de comportamento e não existe maneira prática de decifrar se uma mudança de comportamento se relaciona a desastre natural iminente ou a uma reação a algo completamente não conectado.

Também há diferenças entre espécies e entre indivíduos nas espécies, em sua sensibilidade às flutuações climáticas. Enquanto alguns animais parecem bons preditores do clima, outros da mesma espécie não sentem qualquer prenúncio.

Mas se você estiver em uma floresta e presenciar uma fuga desabalada como a que o desenho animado "Bambi" mostra, melhor acompanhar a multidão, e o mais rápido que puder.

Jessica Toothman. "HowStuffWorks - Os animais podem prever o clima?". Publicado em 05 de maio de 2008 (atualizado em 16 de outubro de 2008) http://ciencia.hsw.uol.com.br/animais-prevem-clima2.htm (17 de dezembro de 2008)

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